Passou relativamente disfarçada pelos órgãos de comunicação social portuguesa a notícia segundo a qual uma criptomoeda promovida ou recomendada pelo presidente argentino Javier Milei arruinou milhares ou milhões de pessoas em poucas horas. No máximo esplendor do liberalismo que por cá se vende como se fosse a última bolacha do pacote, o facho vigarista respondeu a quem o questionou ser normal que, quando se vai jogar ao casino, se esteja preparado para perder dinheiro.
Independentemente de saber quem ganhou o dinheiro que os cripto-otários perderam (mas podemos imaginá-lo), importa estabelecer que não é normal que um chegano vigarista seja presidente de um país. Mas acontece. Na Argentina ou até na mais poderosa nação do mundo, os mais altos magistrados são agora simples vendedores da banha da cobra (cripto ou não), travestidos de paladinos do liberalismo enquanto sinónimo de simples desregulação, tendo em vista a transformação das economias nacionais em casinos onde é normal que um pobre perca dinheiro para que os mais ricos o embolsem.
É, assim, relativamente normal que os cheganos se babem com o sucesso do gémeo argentino Milei. Menos comum, mas não surpreendente, é ver que também os fachos da IL andam encantados com Milei e a brandir serras elétricas com ar triunfal, exibindo os (supostos) resultados macro-económicos que escondem o impacto das políticas ditas liberais na vida dos cidadãos argentinos que não sabem vigarizar o vizinho com criptomoedas. Para quem tivesse dúvidas (e dois neurónios activos), a criptomoeda $Libra serve como demonstração cabal de que a farinha de diferentes marcas que por aí se vende provém, afinal, toda do mesmíssimo saco.