quarta-feira, 4 de junho de 2025

Marcelo, o lamentável

 O presidente da república tentou hoje silenciar uma cidadã que, aproveitando a presença de jornalistas na abertura da Feira do Livro de Lisboa, exibiu uma folha A4 na qual escreveu a frase «Há genocídio na Palestina», procurando convocar cidadãos para uma manifestação dedicada a este assunto. Quando a cidadã se calou, e Marcelo lhe apertou o gasganete, logo se percebeu que o PR não tinha nada de substancial para dizer sobre a questão de fundo. Nem sim nem sopas. Repetiu apenas as minudências diplomáticas que têm servido para iludir e pactuar com a limpeza étnica em curso no território palestiniano.

Longe vai o tempo, pois, em que os crédulos viam em Marcelo Rebelo de Sousa um presidente afectuoso. Acabará o mandato de um modo penoso e lamentável, sendo o principal patrocinador do crescimento eleitoral de um partido neofascista e arruaceiro. Se, há um ano e meio, não tivesse decidido atirar uma maioria absoluta para o lixo, pactuando com algo muito semelhante a um golpe de estado jornalístico-judicial, talvez (pelo menos) este desastre pudesse ter sido evitado.