segunda-feira, 2 de junho de 2025

Um simples gesto de elegância

 "O homem, por muito que lhe custe, é um produto químico que está sozinho. Eu estou sozinho e há estrelas, nebulosas e planetas. Nada disso me impedirá de me comportar como uma criatura moral até ao fim dos meus dias, nem que seja só por um simples gesto de elegância. Ou por respeito à superfície poética do mundo".

Não aprecio a expressão "criatura moral" (prefiro a palavra "ética"), mas pareceu-me que este excerto de O Regresso dos Andorinhões, de Fernando Aramburu, dialoga muitíssimo bem com alguns dos posts anteriores. Parecerá patético, nos tempos que correm, agir por respeito à "superfície poética do mundo", mas alguma coisa nos tem de distinguir dos crápulas, dos manipuladores e dos cínicos. Que seja, pois, a mais elementar elegância.