terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Não teremos tanta sorte

 Se não se tratasse de um teatro para iludir papalvos, o discurso securitário e alegadamente inquieto com a segurança assemelhar-se-ia bastante a um conto de Kafka que acompanha o pensamento de um animal convencido de que construiu uma toca perfeita e inexpugnável. A monomania do bicho, já velho, é de tal ordem que ele não chega a sentir-se seguro na complexa fortificação subterrânea, apesar de todas as precauções que tomou, e sente que os invasores e os inimigos se aproximam e estão cada vez mais próximos. Consegue escutá-los. O conto, porém, acaba - ou melhor, interrompe-se - sem que chegue a acontecer alguma coisa. 

Julgo que não teremos tanta sorte como o animal do conto.