sexta-feira, 1 de agosto de 2025

A cabeça decapitada de um homem qualquer

Acompanhei — de forma bastante diletante, é certo — o rocambolesco caso do indivíduo que foi detido depois de se dirigir a um hospital de Lisboa para entregar uma cabeça humana que havia alegadamente decapitado "por razões de índole pessoal". Procuro imaginar a cena e figuro-a semelhante à pintura Judith Mostra a Cabeça Decapitada de Holoferne ao Povo, de Pietro Benvenuti, embora, no caso alfacinha, se trate apenas da cabeça de um homem qualquer.

 Segundo a mitologia judaica, Judith decapitou Holoferne depois de ter seduzido o general assírio que comandava a punição dos hebreus no ano de 650 antes de Cristo. Enquanto artimanha militar, o método parece bastante eficaz, ainda que um pouco extremista. Mas é possível que, caso o expediente fosse adoptado por uma palestiniana corajosa, Netanyahu e os seus falcões nem sequer apreciassem os favores das mais belas moças de Gaza.