quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Resposta breve a Rubem Focs
Perguntas bem, Paulinho, mas, para ser completamente sincero, devo reconhecer que os meus passos não se têm cruzado com o voo das gaivotas ou, sequer, com as margens do Douro. Eu, no lugar delas, das gaivotas, digo, e se acaso pudesse voar, teria já partido para algum sítio mais quente, onde fosse estrangeiro-estrangeiro mas, por puro paradoxo, pudesse sentir-me em casa. Aqui está frio, muito, e as águas do Douro, tal como consigo imaginá-las à distância de uns poucos de passos, hão-de estar gélidas, agrestes ou, em suma, muito pouco convidativas, seja para banhos humanos, para simples caminhadas ou para procissões de gaivotas. Nos dias que aqui vivemos, e são tão grandes e diversos os desatinos que nos atingem, nem todo o vinho do porto chega para manter o corpo quente e a cabeça alheia a tanta aflição. O Rubem Focs que venha quando quiser, que regresse, mas que esteja preparado: aqui já pouco falta para que também as memórias paguem imposto.