De acordo com as notícias da hora do almoço, a bancada parlamentar do PS está dividida relativamente à votação de uma proposta do PCP para que os dividendos das acções sejam taxados já este ano a 29%, para evitar a fuga promovida por empresas como a PT ou a Jerónimo Martins, que resolveram antecipar o pagamento de dividendos a fim de lesar o Estado em algumas centenas de milhões de euros (que os outros contribuintes terão que pagar). Ao contrário do que se possa pensar, não é provável que a divisão seja apenas ideológica, entre o PS mais à esquerda e o PS mais direita. A divisão deve ser, muito simplesmente, e salvo alguma eventual excepção, entre os deputados que são e os que não são, directa ou indirectamente, accionistas na PT, da Jerónimo Martins e etc.
P.S.: ninguém se surpreenderá, decerto, que a proposta do PCP tenha sido chumbada com os votos do PSD, do CDS e de quase todos os deputados do PS. Os argumentos são extraordinários: o Estado não pode mudar as regras a meio do jogo. Logo, as empresas podem, com o consentimento da Assembleia da República, fazer batota e antecipar a distribuição de lucros para beneficiarem de um regime fiscal mais favorável e o Estado tem que ficar de braços cruzados, a ver os accionista rebolarem nos milhões. Quem paga? Os do costume, evidentemente.