quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Os homens, os homenzinhos, os seus duplos e os insectos

A leitura de Lo que sé de los hombrecillos tem avançado em pequenas doses homeopáticas. Se o ponto de partida do livro, tal como Millás a apresentou, me cativou imediatamente, o romance revela-se ainda melhor do que a encomenda. Desde logo, os homenzinhos de Millás são também uma forma de abordar a temática do duplo e do múltiplo, sempre bestialmente literária e sobre a qual tenho também trabalhado desde Os Fantasmas de Pessoa, explorando as potencialidades de personagens que se desdobram e, por essa via, conseguem ser várias pessoas ao mesmo tempo e viver várias vidas, paralelas e alternativas. Para além disso, o narrador acaba, no capítulo 19, de explicar que a sua experiência enquanto homenzinho tende a identificar-se com o mundo dos insectos (sim, Kafka, claro), coisa que eu não tinha como saber quando escolhi a ilustração para este post. Uma perdição, pois, para quem, como eu, tem o vício das coincidências.