domingo, 5 de setembro de 2010
Traços de família
Os livros têm destas coisas, semelhanças de família, como um nariz demasiado personalizado e que, depois, se repete nas gerações seguintes. Alguns dos textos que sobraram de Um Tal Lucas (1979), de Júlio Cortázar, agora reunidos no volume Papéis Inesperados, fazem pensar, por exemplo, no Palomar de Italo Calvino (1983). Para tirar dúvidas e, sobretudo, para poder continuar a gostar dos dois, vou provavelmente ter que ler Um Tal Lucas, quando e se o encontrar, um dia destes. Já quando li O Livro de Manuel (1973) me pareceu que havia nele alguma coisa — no tom, no ritmo das frases, no processo de invenção de novas palavras — que remetia para o Ulisses (1922), mas pode ter sido só impressão minha, até porque ainda não tive vida para ler o Ulisses até ao fim.