segunda-feira, 22 de setembro de 2025

«És tu que me vais mandar prender, Andrézito?»

 Não me parece impossível que os indivíduos recentemente assassinados a bordo de embarcações bombardeadas pelos EUA nas Caraíbas fossem, de facto, traficantes de droga (nem é improvável que o governo venezuelano seja convivente com o dito tráfico). O busílis está em que um Estado de Direito decente não sentencia criminosos à morte sem um julgamento prévio e justo. Já quase ninguém se lembra disto, uma vez que o discurso dominante procura, há muito tempo, fazer tábua rasa da lei e da ordem, mas, sem o respaldo da Justiça, o que o governo norte-americano está a fazer é apenas um homicídio em série. Um crime, portanto. E, por este crime, espero que os responsáveis possam ser julgados e condenados - não, como as suas vítimas, a serem assassinados com um míssil na testa, mas a uma pena razoável e própria de uma comunidade civilizada.

É quase bizarro, por isso, que tenha de ser o presidente da Câmara de Oeiras a recordar, a propósito de uma zanga de comadres, que o Estado de Direito implica a separação de poderes e que esta é um pilar fundamental da vida civilizada em comunidade.