O domingo amanheceu frio na vila. Está quase sempre frio de manhã, talvez pelo vento agreste que sopra e sopra. Antes de me fazer à estrada de regresso à cidade, fui tratar do café matinal já depois de o joelho manco me ter traído ao descer as escadas. Coxeava, pois, quando passei junto ao pelourinho onde seis velhos estavam perfilados, sentados nas escadas de granito, aquecendo-se ao sol e trocando raras palavras. Coxeava ao atravessar a Carreira de Cima a caminho da pastelaria e do primeiro café do dia — e por isso sentindo-me velho, velho e manco e lento como outro ancião qualquer, avançando com passos medidos em direcção ao dia em que, agarrado a um cajado, também me sentarei nos degraus do pelourinho com os velhos do meu tempo, aquecendo-me ao sol.