sexta-feira, 23 de julho de 2021

Vírus português













Por incrível que pareça, ainda sou do tempo em que certos indivíduos à beira de um ataque de nervos vinham para as varandas bater palmas aos heróis da Covid a fim de apanhar, ao menos, um pouco de ar corrente na tromba. Nessa época, hoje já tão distante, também era comum ouvir algumas pessoas a garantir que a vida na Terra não ia voltar a ser igual depois da doença. Havíamos necessariamente de aprender a ser boas pessoas e a viver em harmonia. Ia ficar tudo bem (que ridículo).

Passado tanto tempo, ou o que parece ter sido muito tempo, a vida na Terra prossegue, no essencial, igual ao que era antes (se excluirmos o aborrecimento estético das máscaras de protecção individual e alguns obstáculos legais à nossa vida social). Os ricos estão mais ricos, os pobres estão mais pobres, certos negócios florescem para vantagem do habituais beneficiários e já nasceram, pasme-se!, máfias dedicadas à comercialização de certificados da vacinação e testes Covid contrafeitos. Quase caí da cadeira quando tive conhecimento de tão surpreendente notícia, pois jamais supus que o ser humano pudesse ser tão vil. Chiça!

Mais de quatro milhões de mortos depois, parece-me, pois, que o SARS-Cov-2 constitui uma oportunidade perdida. Se era realmente necessário desbaratar alguns milhões de vidas humanas, facilmente se conclui que um vírus minimamente eficiente e organizado teria actuado de forma mais selectiva, livrando o planeta de um conjunto de indivíduos que não fazem cá falta nenhuma em vez de colher vidas inocentes ou de prejudicar umas quantas boas pessoas. Com algum planeamento estratégico, até um imbecil como eu podia ter ajudado a fazer a lista, indicando uma dúzia ou duas de nomes de sujeitos cuja perda constituiria uma ganho civilizacional aos mais diversos níveis. 

Mas não. Mais uma vez, foi tudo tratado de forma diletante. Creio, por isso, que existe uma boa possibilidade de o vírus ter sido produzido num laboratório em Portugal, a funcionar num anexo de um anexo de um anexo, nas traseiras de uma churrasqueira de Canelas. A OMS que abra os olhos.