Escrito há quase dois anos, chega agora às livrarias a minha mais recente aventura literária. Tropel, assim se chama, esteve para ficar na gaveta, condenado pela minha indisponibilidade para continuar a publicar livros que "não se vendem". Aceitei, porém, o desafio que há um ano a Porto Editora me fez e dispus-me, outra vez, a sujeitar-me ao escrutínio (e à eventual indiferença) dos leitores, esperando que, desta vez, com o entusiasmo de todas as partes envolvidas, possa ser possível fazer chegar o livro aos seus potenciais destinatários.
Para que ninguém se sinta ludibriado, advirto que Tropel não é um livro fácil nem amoroso. É duro e bicudo como a realidade que nos rodeia nesta tristíssima década, cheio de espinhos e de horrores. O aviso está feito na contra-capa: trata-se de uma ficção completamente alheia à realidade, todavia inspirada em factos absolutamente reais; uma incursão a um tempo de ódio e uma história apartada do mundo, marginal e contada a partir de um lugar ermo, espantoso e medonho que só existe na literatura — mas cada vez mais próximo da soleira da nossa porta.
Que o possam apreciar, é o que desejo. E uma vez que a paranóia pandémica não permitirá que se faça, para já, qualquer sessão pública de lançamento, permito-me erguer daqui um simbólico brinde a todos os leitores que ocasionalmente ainda tropecem neste blogue antiquado, sem influenciadores e tão carregado de más influências e ainda piores descaminhos.