quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Fuso horário

Acabo de perceber que o meu dia terá hoje vinte e cinco horas, o que, estando em rigoroso estado de ócio, acaba por ser uma belíssima novidade. Tenho mais sessenta minutos inteirinhos para não fazer nada, sentir o calor na pele, olhar para a serra, não fazer nada, comer copiosamente, beber vinho tinto, não fazer nada, escrever, não fazer nada e sentar-me na esplanada a beber finos e águas das pedras. E não fazer nada (mas creio que já o referi). É todo um programa de vida trepidante que se prolongará para além do que é costume. Devo-o inteiramente ao sistema de actualização automática da hora do telemóvel, o qual, durante a noite, transitou para uma rede espanhola e assumiu o fuso horário respectivo. Quando me sentei na esplanada para tomar café julgando que seriam dez da manhã, o que já era uma hora excelente para não fazer absolutamente nada, percebi que, afinal, ainda estavam a dar as nove no campanário dos paços do concelho. Coisa maravilhosa! Sinto que devo absolutamente aproveitar ao máximo este bónus e usar esta hora extra para fazer coisas úteis e definitivas. Vou começar assim que tiver desperdiçado os quinze minutos que levei a escrever este post.