A Língua Portuguesa de uso comum é só a ponta de um iceberg. De regresso, passados 15 anos, ao
Grande Sertão: Veredas e
a João Guimarães Rosa, sinto-me como um escafandrista que mergulha nas água geladas e toca com a ponta dos dedos a própria carne da enorme massa submersa e invisível, os ocultos 90% de um idioma belo e que já quase se não usa. Há ali de tudo: palavras-fósseis, frases congeladas no tempo, adágios limpos como lucernas resgatadas numa escavação arqueológica, extraordinários arcaísmos do tempos dos nossos bisavós, pura invenção. A minha pátria é uma língua só assim.