De acordo com as autoridades nacionais de saúde, o surto da Covid 19 surgido numa unidade da Sonae na Azambuja tem como explicação as "condições sociais" em que vivem os trabalhadores daquela empresa e o facto de serem migrantes (o discurso oficial chama-lhes "trabalhadores deslocados"). Ora, e ainda de acordo com as notícias, os indivíduos doentes que ali trabalham são, no essencial, indianos e paquistaneses.
Os responsáveis da Sonae MC, e por motivos bastante óbvios, garantem que foram feitas análises e que as instalações não têm um único ponto de contaminação (sossegai, consumidores).
A ser verdade, resta, ainda assim, um elemento que transforma aquela unidade industrial num local muitíssimo perigoso: os ordenados pagos hão-de ser tão espectaculares que mesmo aqueles trabalhadores essenciais (que continuaram a laborar durante o Estado de Emergência e todo o alarme pandémico) não têm condições para desfrutar de uma vida minimamente saudável, isenta das "condições sociais" que, pelos vistos, favorecem ou justificam a transmissão desta e de outras doenças.
Se, tendo em conta os elementos conhecidos, me fosse pedida opinião (o que, pelos motivos óbvios, nunca acontece), eu não teria qualquer dúvida em considerar que a Sonae MC da Azambuja, e os ordenados que ali pagam, fazem mal à saúde dos seus trabalhadores e são, por isso, um perigo para a saúde pública. Mas eu tenho muito mau feitio e hei-de, por isso, ficar desempregado durante muito tempo.