Despedido ontem, comecei o primeiro dia do resto da minha vida, passe o lugar-comum, no sindicato para o qual pago quotas há 23 anos. Aconselham-me a continuar a comparecer no meu posto de trabalho, a despeito de ter sido desincentivado a fazê-lo. Depois de vários anos a trabalhar com profissionalismo - sem nunca falhar um dia, uma notícia, um prazo -, para assegurar um ordenado que me permitisse pagar as contas, trabalharei agora, durante os próximos tempos, para garantir que não terei mais surpresas desagradáveis até à conclusão legal deste processo. Recebi, entretanto, tantas manifestações de amizade, apreço e solidariedade que posso apenas concluir que valeu a pena ter sido, estes anos todos, aquilo que fui. Não ganhei, no meu local de trabalho, respeito ou o título de miss simpatia. Mas saio de consciência tranquila e com a admiração e respeito de muito mais pessoas do que era capaz de supor. A minha gratidão para cada uma dessas pessoas é enorme e incondicional. Fizeram deste dia de intervalo entre as duas metades da minha vida uma jornada muito bonita.
