terça-feira, 20 de março de 2012

Não sei se o país aguenta até Setembro de 2013


Os corredores dos shopping centers, tão modernos e coloridos de néons, estão agora quase vazios e limpos como as ruas das cidades e das vilas depois que anoitece. Ao preço a que a gasolina está, as grandes catedrais de consumo semeadas nas periferias já nem para passear servem. As empregaditas, arranjadas como se fossem para uma festa, ficam à porta dos estabelecimentos olhando melancolicamente as multidões que já não passam, tão sem préstimo como as montras que ninguém cobiça (e já estão outra vez em promoções; o ano passou a ser uma temporada de saldos contínua). Hão-de, as caixeirinhas, fazer contas de cabeça para calcular durante quanto tempo os patrões, sem clientes, continuarão dispostos a pagar-lhes o ordenado mínimo. Às vezes, enquanto estão à porta das lojas, aproveitam para conversar umas com as outras como as vizinhas domésticas do antigo bairro operário. O shopping center parece, assim, mais humano, decente, vasto e arejado, como nas imagens virtuais dos projectistas, o que não deixa de conter uma certa ironia azeda. Agora que estavam a ficar bons é que os shoppings vão acabar.