sexta-feira, 26 de agosto de 2011
O meu milagrário pessoal
Iniciei, entretanto, a leitura de Milagrário Pessoal, que é, salvo erro, o mais recente romance do José Eduardo Agualusa. A dado passo, logo no início, o octagenário professor/narrador explica que toma nota dos "factos extraordinários" que lhe sucedem num caderninho que é o seu milagrário pessoal; coisas, enfim, como "Cruzou-se comigo, no Chiado, uma menina dos seus dezoito anos. Ruiva, muito ruiva mesmo, a pele atormentada por um enxame de sardas". E por aí adiante. Penso no tipo de coisas que poderiam figurar no meu milagrário pessoal, no caso de me dar à canseira de escrever um, e creio que, muito provavelmente, me limitaria a anotar, um dia atrás do outro, qualquer coisa como: "Mais uma manhã e continuo vivo. Ainda não declarei insolvência e tenho as contas em dia. Deve, por isso, estar tudo bem".