quinta-feira, 18 de agosto de 2011
Emboscada, cerco, armadilha e isso
Aparentemente O Pintor de Batalhas e Os Pretos de Pousaflores (de Arturo Pérez-Reverte e Aida Gomes, respectivamente) são livros tão diferentes quanto dois romances podem sê-lo. Pus-me, entretanto, a pensar no assunto — coisa assaz desaconselhável, uma vez que tenho praticado muitíssimo pouco — e parece-me que não são livros tão diferentes assim. Tal como Andrés Faulques, o pintor de batalhas e ex-fotógrafo de guerra, emboscado num torreão pelos estilhaços das guerras passadas, os pretos de Pousaflores são também personagens cercadas pelo passado e conduzidas à armadilha de uma pequena aldeia pelos caminhos que a guerra urde. São indivíduos emboscados pela vida. Talvez o sejamos todos. Mas não interessa nada, ainda que possa haver aqui uma coisa qualquer que me esteja a escapar, eventualmente importante. Mas eu tinha avisado que não estava preparado para grandes reflexões.