terça-feira, 14 de junho de 2011
E não se pode bombardear o país da carinha laroca?
A fazer fé nos jornais, se é que ainda se pode acreditar nas histórias que os jornais contam, vive-se na Síria uma situação muito semelhante à que se vivia na Líbia há algumas semanas atrás. Há revoltados, de um lado, e as forças armadas investindo com tudo o que tem contra quem quer que se lhe interponha. Ao contrário do que sucedeu no país de Kadhafi, a NATO não quer saber dos inocentes civis que morrem e estão em perigo, nem dos que fogem (talvez porque fujam para a Turquia).
Talvez o Ocidente esteja encolhendo os ombros porque da estabilidade Síria dependa também o sossego no triângulo Israel-Líbano-Palestina. Ou talvez se deva ter em conta o factor Asma Al-Assad, a bela esposa do presidente sanguinário, alvo da atenção das revistas de moda, requisitada nos jantares de gala da aristocracia europeia. Chamam-lhe “a rosa do deserto”, "a mais bela primeira-dama", e dizem que é elegante e sofisticada. E que talvez já esteja recolhida em Londres, longe do sangue e da carne apodrecendo nas ruas, à espera de que os selvagens acalmem.
Basta dar uma volta pelo Google e percebe-se perfeitamente: lá está Asma discursando perante os selectos sócios da Academie Diplomatique Internationale e lá estão os Al-Assad convivendo com a família real espanhola, com os Blair, com os Lula da Silva, com os Bruni-Sarkozy no Petit-Palais, com os Medvedev e sua majestade a rainha de Inglaterra, com os Pitt-Jolie, os Patil e os Singh, os Halonen, os Erdoghan, os Merkel e os Ban Ki-Moon (até com os Parvanov, com efeito). Kadhafi é um velho grotesco e apalhaçado, mas há-de ser mais difícil bombardear o país daqueles que costumam jantar na nossa sala de estar.