terça-feira, 23 de novembro de 2010
Manhã em Santiago
... e então saí para a manhã de Compostela, para o ar frio que se condensa sob o nariz, e fui perseguindo o som distante de uma gaita de foles. Encontrei o gaiteiro, vestido a preceito, tocando sob o Arco de Palácio, rente à parede da velha catedral, e logo adiante a Praça do Obradoiro ia-se enchendo de peregrinos, vestidos como se fossem ciclistas saídos da Volta a França, uns, e outros de longas barbas brancas e capa de pano castanho, o chapéu com a vieira adiante. Nas portas das lojas, as moças estendem travessas e oferecem trocitos, mas eu sigo adiante, não foi para isso que vim, estou com pressa, devo regressar ao hotel e ainda não passei na Rua do Vilar e devo forçosamente passar sob as arcadas de pedra e encontrar uma livraria, a livraria que há quase diante do bar Suzo, na qual entro e, enfim, compro Lo que sé de los hombrecillos. O Carlos Quiroga dir-me-á que devia ter comprado algo mais galego, e terá razão, mas eu queria muito comprar o Lo que sé de los hombrecillos e estou com pressa, prometo a mim mesmo voltar em breve, regressar e ter tempo para ler os galegos. Vou trabalhar.