domingo, 4 de abril de 2010
Enquanto a Maria lê Eça de Queirós
Enquanto escrevo, a Maria Miguel lê Eça e ri-se daquilo que vai lendo. Hoje mesmo confessou que jamais lhe tinha ocorrido rir-se com semelhante livro. Surpreendeu-se e simpatizou com o João da Ega (pelo menos enquanto não percebeu que o João da Ega era um escravocrata e um prudente defensor da estupidez feminina) e com o substrato revolucionário da Maria Eduarda. Recordo-me, pois, de ter lido Os Maias por obrigação e de só ter apreendido a ironia na escola, graças às lições da professora de Português (vi-a anteontem, ela não me reconheceu: estou a ficar velho). Bem sei que eu mesmo duvido, às vezes, da evolução da espécie, mas, caramba, os nossos filhos serem mais espertos e inteligente do que nós fomos havia de ser sinal bastante. Se os nossos filhos são capazes de se rirem com Eça de Queirós sem que ninguém os ensine, ainda o mundo não está completamente perdido.