sexta-feira, 9 de abril de 2010
Agência de viagens
No Diário Volúvel, Enrique Vila-Matas conta que foi a La Baule, na costa atlântica francesa, sobretudo para poder anotar uma frase que, para ser verdadeira, exigia essa deslocação. “A frase? É simples e autêntica: «Vim a La Baule para poder escrever que estou em La Baule»”. Trata-se, no fundo, de um impulso muito comum ao Homem contemporâneo e as agências de viagens perceberam-no muito bem. Se se exceptuarem as viagens de negócios (ou de trabalho) e as deslocações que fazemos para sítios onde já estivemos antes (mesmo que metaforicamente), a indústria turística é alimentada precisamente por gente que vai a um determinado sítio apenas com o intuito, porventura nada literário, de passar a ter uma fotografia atestando que ali esteve. Talvez essas pessoas não o reconheçam completamente, nem tenham, por isso, tanta graça, mas, no fundo, quando pedem para ser fotografadas diante do Taj Mahal, estão apenas a dizer, como Vila-Matas, que foram à Índia para poderem ser fotografadas ali e provarem a si mesmas e ao mundo que aí estiveram, mesmo que o país do Taj Mahal as enoje bestialmente.