quinta-feira, 23 de maio de 2013

Uma história antes de domir

O pedinte da porta do supermercado arranjou um cão. Mais exactamente uma cadela. Conversa com ela, chama-lhe menina e trata-a com esmero, presenteando-a com pequenos mimos provavelmente doados por quem passa: uma caminha de esponja, um casaquinho de quadrados, uma coleira. A avaliar pelos tupperwares, creio que também a comida do canídeo é oferecida pelos vizinhos ou pelos empregados do supermercado. O pedinte agradece a esmola e, antes de alimentar o cão, revolve a comida com um garfo, procurando as porcarias que não convêm à alimentação da cadela. Ossos, por exemplo. "A minha menina não come ossos", ouvi-o dizer. Ele, não sei o que come. Mas está cada vez mais magro.