quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Habilitações literárias

Terminei ontem a primeira versão daquilo que, um dia, talvez venha a ser (mais) um livro — mas nunca antes de 2014, disso já estou informado; que os meus livros não se vendem e tal, dizem-me. Visto que esta manhã fui regularizar a minha situação junto do centro de emprego da minha área de residência, entregando os documentos necessários à solicitação do subsídio respectivo, disporei ainda, creio, de bastante tempo para ler, reler, cortar, acrescentar, corrigir. E, ainda assim, não estou certo de que, no fim, valham a pena as horas todas que gastei escrevendo e escrevendo, ou aquelas que ainda vou empregar procurando melhorar o que escrevi. Nenhuma destas horas, em todo o caso, serão contadas como trabalho ou, sequer, como "procura activa de trabalho" para os devidos efeitos legais, ao abrigo dos quais terei ainda de fazer apresentações periódicas na junta de freguesia, como os arguidos de um crime qualquer que escaparam à prisão preventiva. Em face das regras em vigor, e ponderada a minha idade, devo apresentar mensalmente provas de que fiz três contactos tendentes a conseguir emprego. Dediquei-me hoje, por isso, à escrita, ainda à escrita, redigindo o curriculum vitae que devo entregar aos putativos empregadores, pedindo-lhes, em troca, que me assinem a ficha para a Segurança Social, como num jogo. À cabeça do texto, escrevi o nome e a idade, e as habilitações literárias — que não têm nada a ver com o tempo que perco com literaturas.