quinta-feira, 15 de março de 2012
Outro grande disco de Nancy Vieira
De perna ao alto e já com três discretos furinhos na banha da barriga, ouço pela segunda vez No Amá, o novo disco de Nancy Vieira, o primeiro depois do extraordinário Lus. E No Amá é, digamos assim, uma delícia suave de se ouvir, cheio de morninhas à moda antiga, dolentes e feitas para dançar devagar, agarradinho. Na voz clara e segura de Nancy fluem, como brisas cálidas, as canções de Teófilo Chantre, Eugénio Tavares, B. Leza, Tutin d'Giralda e Manuel de Novas, os velhos mestres, mas também de Mário Lúcio, o meu amigo que agora é ministro da Cultura (e um escritor de mão cheia, já agora). Ouve-se, por exemplo, Brasil (Nos sonho azul), e atravessa-se o mar com a imaginação, cruzam-se essas terras que "sima c'ma nos bo é morena", Cabo Verde, o Brasil e as outras pátrias crioulas. Lamentavelmente não se consegue dançar sabim amparado pelo raio das muletas.