segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Era uma vez numa livraria
Depois de uma breve e infrutífera busca entre as estantes da Librería Encontros (Rua do Vilar, 68, Santiago de Compostela), resolvi ceder à pressa e dirigir-me à moça do balcão para lhe perguntar pelo livro que procurava, “Lo que sé de los hombrecillos, de Juan José Millás”, disse eu, caprichando no portunhol. A rapariga encolheu os ombros, como se eu tivesse perguntado pela edição original do Codex Calixtinus. Uma funcionária mais velha, que também escutou a pergunta, veio em meu socorro. Solícita, trouxe-me o livro e mostrou-o à outra, que continuou na mesma, como um boi a olhar para um palácio. “Elvira Lindo tampoco te suena?”, perguntou a livreira eficiente. A mais nova, que não era feia, encolheu outra vez os ombros e sacudiu a sorridente cabeça, com ar apatetado. Eu estava servido e com pressa, paguei e saí, satisfeito e munido do livro que procurava. Estou a lê-lo e é uma delícia. Ocorreu-me, entretanto, que devia ser obrigatório que os livreiros gostassem de ler ou, pelo menos, soubessem como se faz, até porque me lembrei de, uma vez, na Bertrand do Chiado, ter ouvido uma funcionária perguntar a uma colega se, por algum acaso, já tinha ouvido falar de um tal Jorge de Sena.