quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O nosso bairro é melhor do que o raio do vosso facebook, mas...



Um dos grandes momentos do dia de trabalho é o intervalo para o café e para a cigarrilha. Talvez seja até o melhor momento do dia, mas não vale a pena estar agora a alongar-me sobre este assunto, até porque gostaria de não ser obrigado a referir nomes. O caso é que, junto à máquina do café e à janela que se abre para deixar sair o fumo e entrar o sol do Outono, se encontram grandes personagens. O Sérgio Sousa da Rádio Nova, por exemplo, contou-me hoje da ida ao barbeiro mais próximo, onde escutou a história de um homem que, vendo passar Marcelo Caetano num automóvel, disse "olha o Marcelo Caetano", tendo o presidente do conselho ordenado que a viatura parasse e fizesse marcha-atrás, para poder saudar convenientemente o cidadão em causa. Para a troca, eu contei-lhe da conversa de uns adolescentes que, à porta de um café da Baixa, discutiam sobre as motivações do namoro, tendo o moço dito à rapariga algo como "se calhar vocês não fodem, namoram para ficar virgens" (leia-se com o sotaque apropriado). Depois ou antes de contar isto, já não me lembro, disse ao Sérgio que, às vezes, dá vontade de ir às barbearias antigas cortar o cabelo só para ouvir as histórias e as conversas dos velhotes. Ele, como é um moço com piada — segundo o qual o nosso café gratuito, não sendo grande coisa, tem uma relação qualidade/preço absolutamente imbatível —, comentou que a barbearia é uma espécie de antecessora do Facebook. Concordámos, por fim, que a barbearia é melhor do que o Facebook. Agora que penso nisso, devo, porém, reconhecer que a barbearia tem muito menos gajas.