terça-feira, 24 de julho de 2012
O grande circo do estacionamento de automóveis
Da minha fugaz passagem por Guimarães, há dias, retive uma grande agitação nas ruas, gente como nunca por lá tinha visto. Também reparei que a cidade passou a ter arrumadores de automóveis em todos os cantos, provável sinal de que os números do desemprego não são meras abstracções para arremesso político. No Porto, aliás, há já vários arrumadores a disputar os mesmos locais de estacionamento, sendo comum assistir a cenas de alguma tensão, nomeadamente na Praça da República. Na Praça do Coronel Pacheco, onde tem pontificado um homem que diz ser um antigo artista de circo - que às vezes usa um fato de treino igual ao do Hugo Chávez e que frequentemente adormece em cima do murete de pedras -, apareceu ontem também um anão candidato a arrumador. Houve uma troca azeda de palavras, alguns safanões, mas imaginei que o anão e o palhaço, ou lá que raio fazia o arrumador, se poriam de acordo e talvez encontrassem maneira de montar um pequeno circo informal entre as filas de automóveis estacionados; que contariam com a ajuda dos freaks da escola de teatro que tocam guitarra e fazem malabarismos enquanto fumam charros, mais o impulso em estilo spin-off do pólo de indústrias criativas da Universidade do Porto. Hoje, porém, o anão já não apareceu. É pena. Havia ali, pareceu-me, um grande potencial para criar sinergias e economias de escala, para gerar eficiência e massa crítica. Essas cenas, enfim.