Aos 37 anos, Amelina continua inédita em Portugal, apesar de já ter vencido o Prémio Joseph Conrad e de ter sido finalista do Prémio de Literatura da União Europeia (é provável que a editem agora, havendo uma brecha na torrente de best-sellers que todas as semanas inundam as livrarias). Segundo Faciolince, citado pelo El País, a explosão aconteceu durante um momento em que o grupo, sentado à mesa do restaurante, bebia cerveja, ria e brincava com a hora do recolher obrigatório. "Mas porque estamos todos bem e ela não? Isto é uma roleta russa na qual a um sai um estilhaço e a outros nada. É espantoso estar assim e viver num mundo onde acontecem estas coisas", declarou Héctor.
Victoria Amelina não voltará a sorrir nem a escrever. Também, não tarda, se lhe aplicarão os dois versos de Borges que o pai de Faciolince levava no bolso quando foi morto por paramilitares colombianos numa outra guerra: "Já somos o esquecimento que seremos/o pó primordial que nos ignora”. A guerra russa não pára de produzir pó, cinzas, morte e destruição de tudo. Do sorriso de Amelina também.