terça-feira, 6 de junho de 2023

Tristeza não tem fim


Acabo de saber, enquanto procuro não ouvir a horrenda música que dá (mau) ambiente à cervejaria, que morreu Astrud Gilberto. Logo me vem à cabeça a sua voz cantando que a "tristeza não tem fim/ felicidade, sim". Não consigo escutá-la no meio deste chinfrim, nem me atrevo a submetê-la a esta contaminação a que agora se chama música. Mas não falha. Esta noite, quando a madrugada (ou os mosquitos) me despertarem, fecharei outra vez os olhos e escutarei o silêncio completo da casa, o silêncio que me faz pensar que talvez tenha ficado surdo, e aos poucos, devagar, semearei essa pura ausência de ruído com a voz de Astrud. Algo sempre floresce do encontro de duas belezas perfeitas.