sexta-feira, 17 de março de 2023

Descamisadas ou não — marcham sempre


Não tomeis a mal, por favor, que vos inquiete em repouso pós-prandial, mas venho, o que é raro, falar-vos de favas, assunto que me ocorreu quando, há pouco, me servia de uma dose substancial com pernil e chouriço (sim, como na canção do José Cid) de porco preto (mas infelizmente sem um naco de bolinha de sangue que as escureça). Ocorreram-me, desde logo, o aveludado e opíparo creme que o meu amigo Carlos Romero produz na Bimby e parcimoniosamente serve às visitas em shots de chorar por mais, e as báquicas favas da minha prima Maria de Lourdes. Mas também a conversa que recentemente entabulei com um chef checo, segundo o qual nós, os portugueses, estragamos a leguminosa cozendo-a em demasia. Existe ainda, em torno das favas, duas outras dissidência que convém esclarecer o quanto antes. A saber: se as congeladas são aceitáveis para o  consumo comum e se se há-de tirar-lhes a camisa ou ingeri-las tal como vêm ao mundo depois que são libertadas da casula. São, como podeis constatar, assuntos do mais elevado significado civilizacional. Mas não me atrevo a impor a ninguém as minhas práticas. Alambazo-me com elas sempre que me apetece e não lhes viro a cara quando são congeladas, vêm à mesa em camisa e demasiado guisadas. Marcha o que houver.