Na única carta conhecida da correspondência entre Robespierre e Danton, o revolucionário francês que veio a ficar para a História como um tirano cruel escreveu: "Amo-te mais do que nunca e até à morte. Neste momento sou tu".
Segundo o El País, a carta foi escrita por Robespierre durante um período de grande turbulência da revolução francesa, e após Danton ter perdido a mulher, morta ao dar à luz o filho, também ele falecido no parto. Algumas semanas antes, Luís XVI havia sido executado na Concorde. Um ano depois, o vórtice da revolução levou Robespierre a ordenar a morte de Danton, a quem tanto estimara.
Salvas as devidas diferenças, amar alguém ao ponto de matar não parece ser um exclusivo dos grandes sanguinários, como Robespierre ou Estaline, ou dos dramalhões de Shakespeare. Acontece todos os dias e em toda a parte, entre gente anónima e comum que conhecemos demasiado tarde, quando os seus nomes, idades e circunstâncias surgem embrulhadas em notícias policiais.
Talvez o amor e a morte, ou o amor e o ódio, nos estejam misturados no sangue e nele se confundam. Talvez amar de mais seja a mais trágica das doenças humanas.