"Aqui não tem bandido, nós somos patriotas", dizia uma mulher que participou ou apoiou a selvática invasão dos edifícios públicos brasileiros que simbolizam o poder democrático daquele país. Usava, com efeito, a camisola da seleção nacional e talvez tivesse empunhado, em algum momento, uma daquelas bandeiras onde se lê a máxima "ordem e progresso", embora não faça a mais pequena ideia sobre o que significam a ordem e o progresso. Rigorosamente intoxicados por discursos de ódio que parecem decalcados do 1984 de George Orwell, acreditam que todos os do seu bando são puros e inocentes patriotas e que todos os outros são bandidos, por mais que a realidade o desminta. Creio que também estariam convencidos de que todos os que votaram contra Bolsonaro são extraterrestres se aquele imbecil fascista tivesse repetido muitas vezes essa mentira. Patriotas e desfasados do mais elementar senso comum, são legião e sentem-se aconchegados na bárbara multidão vestida de verde e amarelo.
Se ser patriota é destruir propriedade pública património da humanidade (como fizeram os terroristas da Síria, do Afeganistão e do Iraque) e renegar a vontade democrática expressa em eleições livres, há-de ser preferível ser apátrida e execrar todas as nações do mundo.