sábado, 26 de novembro de 2022

"Marcar um golo é como ter um orgasmo"


Estou neste momento, conforme já sabereis, a poucos quilómetros de Munique, terra do clube encarnado que o FCPorto derrotou na sua primeira conquista europeia, em 1987. Gomes não pôde jogar nessa final por estar lesionado, substituído por Juary. É, seja como for, um dos campeões de Viena (também não é longe daqui), bi-bota de ouro e autor da frase, tão optimista, segundo a qual "marcar um golo é como ter um orgasmo". Como há-de ter gozado, o sacana.

Embora os doutores da bola (alguns dos quais nunca a hão-de ter visto a pinchar à frente) já devam ter dito inúmeras coisas, apetece-me partilhar que, sendo sócio do Tribunal das Antas nessa já tão longínqua década de 1980, assisti ao vivo a uma parte muito significativa dos amplexos do bi-bota. Para nós, que não nos divertíamos tanto quanto ele, cada golo do camisola 9 era, em todo o caso, um momento um bocadinho inesquecível.

Lembro-me ainda de que algumas das moças da minha turma do Clara de Resende tinham os cadernos e as capas de argolas forradas com fotografias do Gomes, que, à época, rivalizava em celebridade com o Simon Le Bon dos Duran Duran, com os Wham e com o Limahl. Uma delas era a Adelaide Cristina. É possível que, de cada vez que jogávamos a bola no intervalo e eu marcava um golo, o fizesse pensando nela, que não queria saber de fedelhos do meu tamanho e sonhava com o Gomes.

Também, uma vez, mandei estampar nas costas de uma camisola azul e branca o número 9. Se era para ter um algarismo no lombo, era melhor que fosse aquele que o Nando envergava. Sempre ficava, deste modo, um bocadinho mais perto do coração da Adelaide.

Descansa em paz, campeão.