Começou há quase três meses o processo de substituição dos abrigos das paragens de autocarro do Porto, responsabilidade última da respectiva câmara municipal. As velhas estruturas foram retiradas num ápice, mas, dos poucos abrigos novos que já foram instalados, quase todos continuam vedados e, portanto, inacessíveis aos utentes (até porque várias paragens mudaram temporariamente de localização, de modo a não estorvarem os - supostos - trabalhos). Setembro, porém, entendeu tornar-se desagradável e esta manhã tem chovido com certa competência. Os portuenses que usam os transportes públicos para irem trabalhar viram-se, assim, desabrigados, à chuva e consequentemente encharcados (apesar de o enorme vagar com que a substituição está a ser feita parecer subentender que a edilidade acredita que os tripeiros não se molham e talvez sejam até capazes de repelir as gotas da chuva como certos tecidos tecnológicos). Não sei porquê, mas estou convencido de que, se os abastados vizinhos do edil-mor usassem os autocarros da STCP para se deslocarem, o processo poderia estar a decorrer com maior celeridade; e que Rui Moreira já teria aparecido nas televisões a dizer qualquer coisinha, responsabilizando alguma instituição centralista e (portanto) ineficaz pelo inadmissível banho frio que os portuenses vão tomar nos próximos tempos. Já a CMP não se constipará, uma vez que, sem gastar um tostão, prevê agasalhar 37 milhões de euros com o negócio da concessão publicitária dos abrigos.