segunda-feira, 13 de junho de 2022
Na vila
Que doçura de Junho! O ar corre tépido entre as paredes caiadas, a água brota das fontes e as moscas andam como entorpecidas, quase sem ânimo para ferroar os paisanos que se atrevem fora das alvenarias. A cerveja está fresca, obrigado. Abrigado à sombra amena das esplanadas nas horas de maior calor, corrijo vírgulas e espero que a canícula passe, quase tão alheio ao fel do Monte dos Vendavais como à circular trepidação das notícias. Na vila quase nunca sucede nada desde que o chinfrim das motas se extinguiu. Chegaram e partiram num ápice, devolvendo-nos ao apaziguamento deste sossego. Batem as cinco e meia na torre da câmara. Daqui a pouco os velhos hão-de sair de casa para apanhar a fresca sob as copas do jardim.