quarta-feira, 4 de maio de 2022

O complexo de Onoda










Surgiram quase em simultâneo um filme (de Arthur Harari) e um livro (de Werner Herzog) que contam a história do tenente japonês Hiroo Onoda: um militar que, após o fim da segunda guerra mundial, continuou firme no seu posto, na ilha filipina de Lubang, por quase trinta anos, indiferente a tudo e rendendo-se apenas em Março de 1974, quando, enfim, conseguiram convencê-lo de que a guerra havia terminado. Penso no tenente Onoda e creio, às vezes, que os dirigentes do PCP sofrem de um alheamento semelhante e que insensatamente insistem em ignorar o óbvio: que a Rússia já não é (e se calhar nunca foi realmente) um país comunista. Talvez um dia alguém os liberte do fardo de defender a sua Lubang imaginária.