Provavelmente já estais ao corrente de que sou quase um maluquinho do ciclismo — de o ver na televisão, sentado no sofá, bem entendido. Não posso, por isso, descrever a satisfação e o entusiasmo com que tenho acompanhado a presente edição do Giro de Itália, liderada há onze dias por João Almeida. Trata-se de um feito histórico e extraordinário para o ciclismo e para o desporto português, protagonizado por um moço de 22 anos que está a fazer a sua primeira grande volta, somando-se também o facto de outro português, Ruben Guerreiro, vestir há vários dias a camisola de líder da classificação da montanha. Nunca se viu tal coisa.
João Almeida tem feito uma corrida empolgante, lutando a cada etapa pelos primeiros lugares (hoje foi segundo pela segunda vez e já fez duas vezes terceiro). Mas não me impressionou menos escutar a sua mãe a falar em directo durante a transmissão desta tarde do Eurosport. Segundo a senhora, o agora ciclista profissional havia começado a frequentar a universidade, em Lisboa, o que lhe deixava pouco tempo para treinar. Mas tinha um sonho. E partiu dos próprios pai a iniciativa de lhe propor que abandonasse a carreira académica. Podes voltar a estudar em qualquer altura, disseram-lhe, mas para seres ciclista tem de ser agora.
Estou, portanto, no sofá, na claque do João Almeida e do Ruben Guerreiro, entusiasmado a assistir à incrível prestação do maglia rosa das Caldas da Rainha. E só não me visto a preceito porque se trata de uma cor que não me favorece especialmente.