segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Entregar a baleia aos bandidos

Já bem avançado na narração, e após uma caçada nos mares de Java (ainda sem a presença de Moby Dick), Ismael recorda uma lei britânica que determina a posse real das mais excelentes baleias. Conta como, invocando aquela disposição, o Duque de Wellington se apossou de uma baleia que alguns pobres pescadores tinham longamente perseguido e, por fim, pescado. E também a carta que um clérigo dirigiu a suas altezas reais, perguntando "em nome de que princípio foi o soberano originalmente investido com esse direito", abarbatando-se com aquilo que aos pescadores custou trabalho, perigo e mesmo algumas despesas. Ou muito me engano ou, pelo rumo desgovernado que as coisas tomam entre nós, não tardará muito o dia em que também nos perguntaremos a que título o Estado refocila alarvemente no produto do trabalho que fazemos, comendo-lhe a parte maior.