sábado, 3 de novembro de 2012
O preconceito só resiste até ao momento em que se aceita abrir o livro o lê-lo (sim, isto é uma metáfora)
Ilija Trojanow, o autor de O colecionador de mundos, referiu-se, durante o lançamento do livro no Porto, ao facto de dois escritores, um indiano e um brasileiro, terem escrito sobre a cidade de Budapeste, coisa que parecerá, ao senso comum, tão intempestiva como haver um búlgaro romanceando as viagens de sir Richard Francis Burton pela Índia, por África e pelas arábias. Depois da sessão, durante o jantar, conversei com Ilija sobre o atrevido brasileiro, Chico Buarque, que havia escrito o tal livro em torno de Budapeste, da língua húngara e da sensação de estranhamento que se enfrenta perante o que é desconhecido. Ele confessou que entrou no romance com todas as reservas do mundo, com o preconceito normal que há em estar perante aquilo que é estranho ou diferente, mas que, por fim, se deixou conquistar pelo notável romance que é Budapeste. E foi, afinal, muito simples: bastou abrir o livro e ler.