domingo, 2 de setembro de 2012
Work in progress#2
Devo uma explicação - sobretudo ao sujeito bisonho que diariamente encontro no espelho e me pergunta, mudo e sátiro, se o dia que principia (sempre muito tarde, que vergonha) vai ser apenas mais uma jornada de preguiça e sem escrever nada que se aproveite. Alego que fui vítima do espírito muitíssimo difuso das férias, do desagregamento dos horários e das próprias células neuronais, um pouco incapazes, neste momento, de produzir algum tipo de labor prático. Amanhã há-de regressar a labuta e, se os duendes da literatura me beneficiarem, pode ser que uma ou duas ideias muito vagas e dispersas venham a adquirir consistência. Ou não. O caso é que nada foi capaz de me obrigar a trabalhar nas férias e, por isso, estou a avaliar, com a imparcialidade possível, as acusações que o indivíduo do espelho contra mim produziu. Creio, todavia, que, em consciência ou na falta dela, poderei facilmente absolver-me.