Quando o meu filho leu o início do primeiro rascunho de Uma Mentira Mil Vezes Repetida, perguntou onde estava aquele livro, Cidade Conquistada, sobre o qual acabara de ler, tomando-o por coisa real. Cidade Conquistada, porém, não existia. Ou, pelo menos, não existia fora do livro que eu tinha escrito.
Esta tarde, graças aos alunos e professores da Escola Básica e Secundária Oliveira Júnior, de São João da Madeira, e especialmente graças ao empenho da professora Cristina Marques, Cidade Conquistada, o livro de Oscar Schidinski, passou a existir. É um livro de páginas em branco, como se impunha que fosse, no qual cabem todas as histórias e todos os sonhos que se queira inventar para ele.
Foi uma tarde incrível. Os alunos leram excertos de textos meus e dos meus livros, e depositaram-nos diante de mim até formarem uma pilha, o resíduo concreto da "minha obra". E depois ofereceram-me um espaço no Jardim dos Poetas, com uma tangerineira e uma placa com palavras minhas. Sou obviamente um intruso entre poetas. Mas não é menos verdade que sinto orgulho de ali estar e de passar a ser uma presença na vida de uma escola assim.
