quarta-feira, 7 de março de 2012

Um país onde pousar a cabeça


Nicolas Sarkozy, o anão em saltos-altos, considera que há demasiados estrangeiros em França. Como costuma suceder sempre que alguém profere frases deste teor, haverá quem se tenha escandalizado e quem esteja exultante. Não será, porém, caso nem para uma coisa nem para a outra. Sarkozy tem razão. Há demasiados estrangeiros em França e também há demasiados franceses em França. Há demasiados alemães na Alemanha, e a Espanha, então, está a rebentar de espanhóis e de indivíduos das mais diversas nacionalidades. A China é habitada por uma quantidade perfeitamente excessiva de chineses. E por aí adiante, ao ponto de muitas vezes, escutando com atenção o Governo português, eu também me sentir um pouco a mais em Portugal. Feliz ou infelizmente, não sei, é também muito complexa a operação de escolher um país para o qual possa emigrar sem que ali venha a transformar-me num estorvo estrangeiro. O próprio Sarkozy está a mais no mundo, o qual passaria perfeitamente sem a sua presença, mesmo se é difícil determinar se ele é um francês supranumerário em França ou, antes, um filho de estrangeiros que ali está a estorvar quem apenas quer viver um dia de cada vez, sem ter de estar sempre a procurar o impossível país onde um homem, ou uma mulher, possam simplesmente pousar a cabeça.