terça-feira, 9 de agosto de 2011

Brevíssima reflexão estival e um pouco quixotesca

Só terminei de ler o Quixote depois de ter deixado escrita a crónica que hoje foi publicada no P2. O que li entretanto não muda uma vírgula naquilo que escrevi, mas confesso que me desgostou um pouco ver Alonso Quijano renegar e mesmo repudiar os romances de cavalaria às portas da morte, exactamente como sucede com certos ateus que se encomendam a deus na hora derradeira, temerosos do que lhes poderá acontecer depois, ou como certos indivíduos que, tendo professado ideais em prol do bem comum, se venderam por uns bagos de guito e foram fazer-se embaixadores do casino da bolsa e apóstolos da banca comercial (com os resultados que se vão conhecendo). Isto inquieta-me sempre um pouco e é, inclusive, um dos motivos pelos quais desejo uma morte fulminante, que não me dê tempo para ponderar na possibilidade de me transformar num cabrãozinho.