sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Quando um indivíduo se encontra em saldo



Há pessoas que me perguntam — muito de vez em quando, creio que por piedade cristã — onde podem encontrar os meus livros à venda. Costumo responder que não sei, o que é a mais rigorosa verdade, dada a situação de falência literária de que fui acometido. Hoje, porém, devo informar que encontrei alguns títulos à venda numa espécie de livraria de saldos (ou, segundo um cartaz avistado no local, de livros "a preços de outlet") que há na estação ferroviária de Campanhã. Os preços variam entre os quatro euros (O Silêncio de um Homem Só, Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco em 2005) e os sete euros e meio (A Menina Gigante, infantil, obra incluída no Plano Nacional de Leitura), mas há outras coisas igualmente sem interesse, agora transformadas em verdadeiras pechinchas (se um tipo vale o preço a que os seus livros são vendidos, só não cortei imediatamente os pulsos porque também lá estavam exemplares do Rubem Fonseca, do Gunter Grass e do Javier Marías) . Visto que não recebo os respectivos direitos de autor há pelo menos quatro anos — creio que nunca mais verei um tostão relativo a esses livros —, esta informação é, pois, o mais desinteressada possível. Os livros não são grande coisa, mas podem dar excelentes presentes na festa de Natal da empresa, da repartição ou do escritório, conforme for o caso. Fazem mais vista do que um par de peúgas ou do que uma caneca com a tromba do pai natal.