terça-feira, 14 de julho de 2009

Péssangas

Nas brincadeiras infantis havia uma espécie de palavra mágica que suspendia as regras e nos salvava de situações difíceis: péssangas. Estávamos quase a ser apanhados nas caçadinhas e gritávamos “péssangas!” para parar o jogo. Era uma forma de batota, sim, mas era também uma batota perfeitamente regulada e estabelecida – e que, de qualquer maneira, só estava ao alcance de quem fosse capaz de reagir rapidamente às situações, a tempo de evitar o pior. Era um jogo dentro do jogo. Um jogo de nervos, muito irritante, às vezes. Creio que abominava os miúdos que estavam sempre a pedir péssangas e que apenas atrapalhavam as brincadeiras.

É, bem sei, demasiado tarde: já aconteceu tudo o que estava para acontecer. Mas, mesmo assim, peço péssangas.