sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

A neve da Baviera

 Nevava esta manhã em Munique, diante do Bayerischer Hof, onde está a decorrer uma Conferência de Segurança que juntará até domingo, creio, alguns líderes mundiais. Quero dizer que, quando entrei no estabelecimento suburbano onde tomei o primeiro café do dia, o televisor estava ligado e transmitia imagens do dispositivo policial presente naquele local, sob o qual caíam grandes, leves, alvíssimo flocos de neve. Vieram-me à cabeça memórias de outros nevões na Baviera, da paz que havia nessas tardes em que, sem nenhum rumor, tudo se cobria de branco diante da minha janela. Havia corvos debicando no chão gelado, crianças encasacadas, bosques belos como postais ilustrados, colunas de fumo elevando-se de certas chaminés; automóveis, telhados e sebes cobertos de neve. E um silêncio concreto e material como o que há-de existir antes de que caiam os obuses de todas as guerras. Lembrei-me também de que em 1938, a 29 de Setembro, se reuniram também em Munique vários líderes europeus, tendo a Inglaterra e a França condescendido com a cedência à Alemanha de Hitler da região dos Sudetas, na Checoslováquia. E depois começou a Grande Guerra.