sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

Um partido igual aos outros, apenas um pouco pior

 Se fosse um episódio isolado, o caso do deputado Miguel Arruda teria apenas uma importância relativa. Mas não é. A sua dimensão advém do facto de pertencer a um partido que usa o crime (dos outros) para conquistar votos, mas que tem nas suas fileiras inúmeros criminosos (como em tempos demonstrou uma reportagem do jornalista Miguel Carvalho, na revista Visão, por exemplo). Algo que, todavia, não incomoda os alienados votantes da agremiação (como não incomoda os que elegeram a pandilha de Trump).

O caso do deputado que (alegadamente) rouba bagagens em aeroportos e vende o produto desses roubos na Vinted serve ainda para demonstrar outras duas coisas: primeiro, que o Chega é, apesar da retórica e da gritaria, um partido igual aos outros, apenas servido por gente particularmente mal formada (racistas, fascistas, agressores sexuais, rufias, nazis, burlões...) e por larápios de muito baixa condição; segundo, que o Chega e os seus comparsas beneficiam hipocritamente das garantias do Estado de Direito que negam aos outros, mesmo quando esses outros não são "bandidos", mas apenas simples transeuntes inocentes - o tal deputado, apesar das provas que tem contra si, não foi encostado à parede (nem Ventura, desta vez, o exigiu aos gritos) e continua à solta, se calhar a roubar malas, a ser deputado e a inventar formas criativas de se defender (e de tentar não prejudicar o partido).

Não há nisto, aliás, nenhuma novidade fundamental, salvo o picante mediático gerado por um caso tão grotesco e tão bizarro que se tornou eventualmente lesivo da falsa imagem que o Chega criou junto dos néscios narcotizados que votam no partido.